Olhar da escuridão

AutorMaria José Giannella Cataldi
Ocupação do AutorAdvogada. Professora universitária, com pós doutoramento em Direitos Fundamentais pelo Ius Gentium Conimbrigae (IGC/CDH) da Faculdade de Direito de Coimbra.
Páginas9-9

Page 9

Feliz de quem pode ver a tristeza no olhar,

Pois mais triste seria se ninguém a pudesse enxergar. E enquanto assim for o porvir,

Há ainda esperança de todos um dia poderem sorrir.

Na escuridão em que minha alma vagueia,

No olhar de uma criança o brilho alimenta e permeia. E na certeza de um novo alvorecer,

Eu não perco da vida o sentido e meu motivo de viver.

De um pai, o sofrimento que grita na alma,

Ouve os choros da sua criança, é difícil manter a calma. De uma mãe, lágrimas no coração,

Da injustiça e impunidade de ver o filho caído no chão.

Indigna-me a pompa de fartos banquetes,

De atrocidades que comemoram em festivos palacetes. O alimento que alhures não sacia,

Sublima o sorriso de gente festeira que o moral acaricia.

Olhares famintos que deixam constrangidos,

E na impotência de nada poder fazer, envergonhados. Tiram sorrisos de alívio e não cura, Refletem das migalhas as mentiras da consciência pura.

Nesse palco de silenciosa cena pervertida,

Cativos e libertos flertam em luta voraz e ensandecida. E no silêncio dos bons a satisfação,

A imoralidade dignificada, esplendorosa domesticação.

Torpes realidades de eufemismos...

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