Listen to them, the children of the night. What music they make! Esboço de uma análise do mito político-jurídico nas obras de Bram Stoker pela perspectiva da classe

AutorGuilherme Alfradique Klausner
Páginas211-232
211
LISTEN TO THEM, THE CHILDREN OF THE NIGHT.
WHAT MUSIC THEY MAKE!1
ESBOÇO DE UMA ANÁLISE DO MITO POLÍTICO-JURÍDICO
NAS OBRAS DE BRAM STOKER PELA PERSPECTIVA DA
CLASSE
SKETCH OF AN ANALYSIS OF THE POLITICAL-LEGAL MYTH IN THE WORKS OF
BRAM STOKER FROM THE PERSPECTIVE OF CLASS
Guilherme Alfradique Klausner2
Resumo: Bram Stoker, autor de Dracula , trabalha com tropos comuns
em toda a sua obra. No entanto, por falta de uma contextualização geral,
o significado político e jurídico desses tropos escapam à maior parte dos
leitores. O objetivo do presente texto é, partindo da análise de algumas
das imagens míticas por ele constituídas, chegar ao esboço de um mapa
do pensamento de Stoker sobre a sociedade de sua época, destacando
os principais instrumentos que ele usa para expressá-lo. Esse mapa,
nunca completo, pode auxiliar tanto na reflexão sobre a obra de Stoker
quanto na reflexão sobre os dilemas que a sua sociedade enfrentava.
Foco, no presente texto, na forma como ele constitui em sua obra a
relação entre uma determinada aristocracia (alta, má, anti-igualitária e,
1 Em tradução livre: “Ouça-os, os filhos da noite. Que música eles fazem!” in STOKER,
2006, p. 23. No curso do texto, traduzirei as partes que serão comentadas. Adoto esta
medida por crer que os textos e as p alavras, nas línguas em que foram escritos, possuem
relações específicas e múltiplas nas culturas nas quais se inserem, de forma que a tradução
pode confundir o leitor no tocante à mensagem do texto autoral. Pretendo explorar essas
relações, no tanto que elas auxiliarem na tarefa que me propûs a realizar.
2 Sou Mestre e Doutorando em Teoria e Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com Dissertação sobre as relações entre heavy
metal, imagens heróico-aristocráticas e imaginação política reaccionária. No Doutorado,
desenvolvo pesquisa sobre as personagens com poderes sobrenaturais em três das obras
de Stoker (Dra cula, The Jewel of Seven Stars e The Lair of the White Worm), e a fórmula
que mistura o desprezo pelo homem comum (burguês), a descendência aristocrática, o mal
e os poderes sobrenaturais. E-mail: guilhermeklausner@gmail.com
212
consequentemente, em suas obras, dotada de poderes sobernaturais) e as
outras classes sociais, especialmente a burguesia. Para tanto, trabalho
com a obra do jurista alemão Carl Schmitt, com fontes primárias e com
análises de críticos e acadêmicos.
Palavras-chave: Bram Stoker; conceito de classe; história política da
Inglaterra; imagens da nobreza e da burguesia; imagem mítica.
Abstract: Bram Stoker, author of Dracula, works with common tropes
throughout his work. However, for lack of general contextualization, the
political and legal significance of these tropes eludes most readers. The
objective of the present text is, starting from the analysis of some of the
mythical images constituted by him, to arrive at the sketch of a map of
Stoker’s thought about the society of his time, highlighting the main
instruments that he uses to express it. This map, never complete, can help
both in the reflection on Stoker’s work and in the reflection on the
dilemmas that his society faced. I focus, in the present text, on the way in
which he constitutes in his work the relationship between a certain
aristocracy (high, bad, anti-egalitarian and, consequently, in his works,
endowed with supernatural powers) and other social classes, especially
the bourgeoisie. To this end, I work with concepts created by the German
jurist Carl Schmitt, with primary sources and with analyzes by critics and
academics.
Keywords: Bram Stoker; class studies; England’s Political History;
images of the nobility and of the bourgeoisie; mythical image.
Introdução: Listen to them
Well, I know that, did I move and speak in your
London, none there are who would not k now me for
a stranger. That is not enough for me. Here I am
noble. I am boyar. The co mmon people know me,
and I am master. But a stranger in a strange land, he
is no one. Men know him not, and to know not is to
care not for. I am content if I am like the rest, so that
no man stops if he sees me, or pauses in his speaking

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT