Práticas Antissindicais

AutorJosé Carlos Arouca
Páginas461-490
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ANTISSINDICAIS
1. O antissindicalismo
Se correta a pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência — Índice de Confiança Social — envolvendo vinte e duas
instituições ou pessoas, o sindicato vai mal, ficou na 13ª colocação, atrás de bancos, empresas, meios de comuni-
cação, igrejas. Mas se valer a que fez o Instituto Pesquisa Social e Política — IPESPE em 2008, por encomenda da
Associação dos Magistrados do Brasil — AMB, sua posição é a 7ª, no mesmo universo, com 55% de aprovação, só
perdendo para as forças armadas, igreja católica, polícia federal, Ministério Público, imprensa e Poder Judiciário.
Um salto de 4% em doze meses.
Luiz Carlos Amorim Robortella relata as conclusões do Congresso de Direito Social de Sydney, Austrália, 2009,
destacando que “os sindicatos estão cada vez mais fracos”.
Pesquisa, se restrita aos acadêmicos, analistas, imprensa, juízes e procuradores, advogados, em qualquer
universo, deixaria o sindicato atrás de todos, quem sabe, nos dias de hoje, empatado com os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário. A imprensa responde pelo resultado que macula a organização sindical, já que se ocupa
em denegrir sua imagem. Os exemplos são muitos e significativos:
“Sindicalistas levam vida de rico” (O Globo, 4.11.2007).
“Centrais sindicais fazem um 1º de maio pró-governo” (O Estado de S. Paulo, 2.5.2007).
“Procurador do TCU diz que mordomias de líderes sindicais são caso de polícia” (Globo Online, 6.11.2007).
“Dirigentes se perpetuam à custa da contribuição sindical” (O Estado de S. Paulo, 11.11.2007).
“A mamata dos sindicalistas”. Subtítulos: “É assim que eles mamam”, “Os marajás da República Sindical”, “Com
dinheiro e sem controle”; ilustrando: foto do sindicalista americano Jimmy Hoffa moldurada com esta legenda:
exemplo de sindicalismo corrupto” (Veja, 21.11.2007).
“Ministério do Trabalho lidera convênios irregulares, diz Controladoria Geral da União. ... os problemas estão so-
bretudo em acordos com três centrais sindicais, entre elas a Força Sindical e a CUT)” (Folha de S. Paulo, 6.3.2008).
“Farsa sindical” (do colunista da Folha de S. Paulo, Fernando de Barros e Silva, 11.3.2008).
Contra o governo Lula: “A administração não pode ser refém do sindicalismo” (Valor Econômico, 24.3.2008).
“Membros de sindicato ligado à CUT são presos por extorsão” (Folha de S. Paulo, 28.3.2008).
“Sindicalismo estatal” (editorial da Folha de S. Paulo, 4.4.2008).
“Corruptos”, exclama o ex-Ministro do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho, Almir Pazzianotto Pinto (O
Estado de S. Paulo, 14.7.2010).
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Retomando a ameaça do deputado Bilac Pinto, da UDN, anterior ao golpe de 1964: “Era Lula consagra República
sindical” (O Estado de S. Paulo, 6.4.2008).
Tasso Jereissati, então líder do PSDB, também: “A República dos Sindicatos está armada. Quero ver é como desar-
mamos depois” (Folha de S. Paulo, 4.11.2009).
Na mesma linha, a revista mais à direita, Veja: “A República Sindical e o Controle Social da Mídia”, assinado por
Reinaldo Azevedo (24.2.2010).
“Veto à fiscalização de sindicato é atraso” (LEITÃO, Miriam. Diário de São Paulo, 6.4.2008).
“Centrais sindicais fazem coquetel para comemorar a aprovação de projeto”; ao lado, fotografia de alguns diri-
gentes bebendo uísque (Folha de S. Paulo. 10.4.2008).
“O negócio dele é criar sindicatos”; sobre o presidente do Sindicato dos empregados em lanchonetes americani-
zadas como fast food, que teria enriquecido. “O enriquecimento do sindicalista... é símbolo de um sistema que
vive do imposto sindical, mas não presta contas” (Época, 17.4.2008).
“Sindicato de Motoristas é suspeito de desviar verba da prefeitura” (Folha de S. Paulo 14.7.2009).
“Sindicatos ricos e fracos”, destaca a economista Suely Caldas (O Estado de S. Paulo, 28.9.2008).
“Para onde vamos? indaga o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; respondendo, diz que vencendo o PT nas
eleições, “sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia
sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão (...) com uma ajudinha
do BNDS, então tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão ...”. (O
Estado de S. Paulo de 1º.11.2009).
O ex-deputado e ministro Delfim Neto, responsável pelo “milagre econômico”, desmascarado pelos sindicatos,
endurece: “Continuo com a convicção de que sindicato mais político é igual a corrupção. Essa fórmula (...) continua
válida. Eu só quis dizer que cada governo aparelha a seu modo, por motivos diferentes. Veja o caso de Brasília. Na
primeira leva, a cidade recebeu mineiros. Depois vieram maranhenses, alagoanos e paulistas. Agora, sindicalistas”.
(Folha de S. Paulo, 23.11.2009).
E a Veja raivosa: “Pra quebrar tudo é mais caro”, e o subtítulo “De olho no dinheiro do imposto sindical, centrais
de trabalhadores contratam capangas armados a 180 reais por cabeça para invadir territórios rivais e roubar
filiados umas das outras”; a matéria destaca com ilustrações o que seria “A Boa Vida dos Sindicatos”, unicidade,
contribuição sindical, dispensa de prestar contas” (28.11.2009).
Manchete da Folha de S. Paulo: “Minha Casa, Minha Vida privilegia corretora sindical; destaque: “uma corretora
dirigida por sindicalistas da Caixa Econômica Federal, que são filiados ao PT e também doadores de candidatos a
deputado e prefeito pelo partido, é a maior negociadora de seguros de entrega de obras do “Minha Casa, Minha
Vida”, programa do governo federal ...” (edição de 3.11.2009).
“O Sindicalismo domado”. No texto: “a CUT se enfraqueceu porque confundiu os interesses do Estado com os
interesses de seus representados” (Istoé, 9 de dezembro de 2009).
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, pegou no ar a crise para enfeitar afirmação que nada
tinha a ver com o sindicato, mas com a receita federal: “A cultura do vale-tudo da política sindical também pode
estar ligada a tudo que o que vem acontecendo. Não se pode transpor ao mundo político institucional os paradig-
mas selvagens da política sindical” (Folha de S. Paulo, 29.8.2010).
“Para derrotar as máfias sindicais” (O Globo, 11.1.2011).
“Chantagem Sindical. De olho em cargos públicos, altos salários e controle sobre orçamentos bilionários, centrais
agiram e ameaçam o governo” (Istoé, 16.2.2011).
“O dinheiro fácil das centrais” (O Estado de S. Paulo, 11.4.2011).
Nem os sindicatos patronais escapam: “Procuradoria vai pedir fechamento de sindicatos patronais” (Folha de S.
Paulo 19.5.2009).
“Bandidagem Sindical” (Istoé, 7.9.2011).
“Sindicato no Brasil virou negócio” (João Oreste Dalazen, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Veja,
23.12.2011).
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