Apresentação

AutorJosé Luciano de Castilho Pereira
Páginas9-10

Page 9

O final do século XIX marcou profundas e radicais alterações no curso da história do mundo.

A segunda Revolução Industrial, alimentada por desenfreado liberalismo, tornava cada vez mais difícil a indicação do norte verdadeiro para o encontro de uma sociedade mais justa, na qual o dinheiro não fosse a razão de ser de todo desenvolvimento, com o homem sendo transformado em objeto descartável.

A questão social foi a novidade da segunda metade do século XIX, quando tudo passou a ser questionado.

Tal encruzilhada foi apreendida pelo papa Leão XIII, que, em maio de 1891, anotou o seguinte, na Encíclica Rerum Novarum:

A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários fizeram de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um terrível conflito.

Infelizmente, terríveis conflitos aconteceram, no século seguinte, o breve século XX, no dizer de Hobsbawm.

Foi quando também ocorreu a Revolução Russa de 1917, que anunciou uma radical mudança nas relações internacionais, colocando em enorme destaque a tragédia ocorrendo em todo o mundo do trabalho, permitindo que o grito do Manifesto de 1848 ecoasse por toda parte.

Enquanto isso, o século XX foi vítima de duas guerras mundiais: 1914 a 1918 e 1939 a 1945. Elas provocaram outras enormes tragédias, agravando a exposição da questão social.

Também no Brasil, a preocupação social inundou as mentes mais jovens, mas somente a partir de 1930, sendo que uma dessas privilegiadas mentes foi, inegavelmente, a do jovem Arnaldo Süssekind, que nasceu no Rio de Janeiro, em 9 de julho de 1917, quando o mundo estava em completa ebulição.

Desde muito jovem, Süssekind esteve na vanguarda do direito social, no Brasil, participando de indormida luta para dar dignidade ao trabalho humano nesta terra de Santa Cruz, que ainda não ouviu o grito da Declaração de Filadélfia de que o trabalho não é uma mercadoria e de que a penúria, seja onde for, constitui um perigo para a prosperidade geral.

Como advogado, como professor, como...

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