Mudanças relacionais, autonomia e as novas formas de gestão de conflitos

AutorLuciana Aloise, Cristiane Varzea, Tatiana Penna, Celia Regina Dantas, Solange Parola, Cristina Trindade, Lígia Frias, Andrea Viegas, Marcus Lavorato, Cíntia Gripp, Mônica Tenório e Vinícius Almeida
Páginas195-226
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MUDANÇAS RELACIONAIS, AUTONOMIA E AS NOVAS
FORMAS DE GESTÃO DE CONFLITOS
Aloise, Luciana1
Varzea, Cristiane2
Penna, Tatia na3
Dantas, Celia Regina4
Par ola, Solange5
Trindade, Cristina 6
Frias, Lígia7
Viegas, Andrea8
Lavorato, Marcus9
1 Advogada sistêmica. Graduada em Direito pela Universidade Candido Mendes e em Letras pela
UniverCidade. Pós-graduada em Gestão Pública pelo Instituto A Vez do Mestre. MBA em Gestão do
Conhecimento pela Universidade Veiga de Almeida.
2 Advogada e Professora de Língua Portuguesa da Educação Básica, especialista em Direito
Educacional, membro da Comissão da Gestão Positiva de Conflitos da ABA/RJ, Conciliadora Judicial
habilitada pelo TJRJ, capacitada em Mediação de Conflitos Escolares.
3 Advogada Colaborativa. mediadora. especialista em responsabilidade civil. mestranda em sistemas
de resolução de conflitos maestría em sistemas de resolución de conflictos Argentina.
4 Advogada colaborativa. Atuante em Direito Contratual. Especialista em Gestão Jurídica e Processo
Civil pelo IBMEC. Tutora em EAD formada pelo Instituto de Logística da Aeronáutica (ILA). Diretora
Adjunta da ABA/RJ. Fundadora da Comissão de Gestão Positiva de Conflitos da mesma Instituição.
Vice-presidente da Comissão Nacional de Mediação da ABA. Membro da Comissão de Mediação e
Arbitragem do Instituto d os Advogados Brasileiros (IAB). Associada ao Instituto Brasileiro de
Práticas Colaborativas (IBPC). Cofundadora do canal de informações jurídicas @juri_dicas e do
programa @familiasemcontratos
5 Advogada g raduada pela Faculdade Cândido M endes. Pós-graduada em Direito do Trabalho e
Processo do Trabalho - CERS. Mediadora. Capacitada em Práticas Colaborativas pelo IBPC, Membro
da Comissão de Gestão Positiva de Conflitos da ABA RJ e da Comissão de Práticas Colaborativas da
OAB RJ.
6 Mediadora Extrajudicial e Judicial com certificação ICFML com especialização em ODR (ODR -
ODR Practitioner Certification Program May 2020. Cofundadora da Facilitando Diálogos. Membro da
Comissão de Gestão Positiva de Conflitos da ABA Associação Brasileira de Advogados do Rio de
Janeiro -2020. Mediadora Independente do CRP- RJ, Conselho Regional de Psicologia -RJ -COMSCC.
7 Mediadora extrajudicial e Judicial. Cofundadora da Facilitando Diálogos. Membro da Comissão de
Gestão Positiva de Conflitos da ABA/RJ. Certificada pelo ICFMLe associada colaboradora do Instituto
Mediare. Advogada pós-graduada em Direito Empresarial pela FGV e em Direito Ambiental pela
UFPR e com especialização em Ética Aplicada e Bioética.
8 Advogada Colaborativa com atuação sistêmica em Direito de Família, Sucessões e Gestão de
Conflitos. Mediadora de conflitos Judicial e Extrajudicial. Mestranda em Sistemas Alternativos de
Resolução de Conflitos na Universidade Pública Lomas de Zamora - UNLZ Argentina. Capacitada
em Práticas Colaborativas pelo IBPC.
9 Advogado e Consultor Empresarial, Diretor Jurídico d a UnidasPrev, Mediador Judicial e
Extrajudicial, Vice-Presidente da Comissão de Gestão Positiva de Conflitos, Avaliador do Meeting de
Negociação.
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Gripp, Cíntia10
Tenório, Mônica11
Almeida, Vinícius12
Resumo: Este trabalho pretende mostrar como as mudanças nos
relacionamentos, sobretudo na sociedade contemporânea, apresenta novos
conflitos, por vezes mais complexos, impondo a necessidade de um novo
olhar e procurando apontar possibilidades em que a gerência da resolução
dos conflitos se dá de forma mais autônoma por parte dos envolvidos.
Palavras-chave: autonomia; comunicação; gestão de conflitos; mudanças
relacionais.
Sumário: INTRODUÇÃO; 1 AUTONOMIA E CONFLITO: UMA
INTERSEÇÃO; 2 A COMUNICAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA NAS
RELAÇÕES; 3 A EMOÇÃO E SEU IMPACTO NO CONFLITO E NA
TOMADA DE DECISÃO; 4 A INTERDISCIPLINARIDADE NA
GESTÃO POSITIVA DE CONFLITOS; 5 PRÁTICAS
COLABORATIVAS E O DIREITO DO TRABALHO; 6 MEDIAÇÃO,
AUTONOMIA E O MELHOR INTERESSE DA PESSOA IDOSA; 7 A
PERSPECTIVA SISTÊMICA DO CONFLITOS SOCIOEMOCIONAIS
DAS EMPRESAS FAMILIARES E A GESTÃO POSITIVA DESSES
CONFLITOS; 8 CONCILIAÇÃO - AUDIÊNCIA VIRTUAL; 9 A
CONSTELAÇÃO PODE SER USADA COMO MEIO DE RESOLUÇÃO
DE CONFLITO?; 10 O LEGADO DE HOWARD ZEHR SOBRE
JUSTIÇA RESTAURATIVA PARA O BRASIL: COMO TROCAR
NOSSA LENTE RETRIBUTIVA DIANTE DE UM CONFLITO
ENVOLVENDO CRIME?; CONSIDERAÇÕES FINAIS;
REFERÊNCIAS.
10 Membro Consultora da Comissão de Gestão Positiva de Conflitos ABA/RJ. Bacharel em Direito pela
Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Direito das Famílias e Sucessões pela Universidade
Cândido Mendes. Conciliadora no Tribunal de Justiça/RJ e colaboradora da Comissão de assistência às
vítimas de violência doméstica OAB/Niterói.
11 Advogada colaborativa de família e sucessões, Mediadora judicial e extrajudicial. Secretária Geral
da comissão de Gestão Positiva de Conflitos - ABA-RJ.
12 Advogado atuante na área de Direitos Humanos e Criminal; facilitador de Círculos Restaurativos;
vice-presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da ABA (CNDH) e membro da Comissão
da Gestão Positiva de Conflitos da ABA/RJ (CGPC).
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INTRODUÇÃO
Muitos são os desafios da sociedade contemporânea que impõe
mudanças nos relacionamentos, em curtos espaços de tempo. Segundo o
sociólogo Zygmunt Bauman a chamada “modernidade líquida”, em que as
relações são cada vez mais superficiais, fluidas e fragmentadas, dificultam
a constituição de vínculos duradouros. E a atual realidade social reforça o
individualismo, a efemeridade das relações e se estabelece uma nova tônica
para as novas formas de organização familiar, suas inter-relações e o
atendimento das necessidades relacionais.
A identidade social se tornou mais complexa e multifacetada
abarcando os conceitos de classe social, nacionalidade, sexo, gênero, etnia,
entre outros, compondo o sistema representacional do sujeito social e o seu
modo de ser no mundo. Essa “modernidade líquida” influencia nessas
questões identitárias, em um movimento pendular entre o prazer, a
conquista da liberdade e a solidão refletidas nas próprias escolhas. A
fragilidade das relações traz consigo muitas incertezas, inseguranças,
ambivalências, além de dificuldades na manutenção dos relacionamentos
plurais, trazendo ainda como consequência angústias, sofrimentos e
diversos conflitos inter-relacionais. Os conflitos são inerentes a vida e as
mudanças são inexoráveis. O seu impacto nos relacionamentos sejam eles
familiares ou comerciais irá depender das lentes utilizadas e a sua forma
de administrá-los. A gestão positiva desses conflitos passa por uma
construção cultural, social e profissional que busque através do caminho
do consenso e da cooperação, uma conduta responsável e emancipadora
dos indivíduos e dos gestores de empresas que estão em situações
conflitivas, que por meio de instrumentos dialógicos promovam a
autonomia do ser humano, além de sua autodeterminação, e desta forma a
construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Os escritos multiangulares trazidos neste artigo procuram
apresentar a importância da gestão positiva dos conflitos que emergem,
segundo o termo utilizado pela mediadora de conflitos e autora Tania
Almeida, a “caixa de ferramentas” que o gestor de conflitos tem à sua
disposição para alcançar a consensualidade e a cooperação.
Este estudo permeia os relacionamentos humanos, a importância
do autoconhecimento para o alcance da autonomia e a compreensão do

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