Uma concepção particularista de dignidade humana

AutorAndré de Almeida
Páginas53-59
UMA CONCEPÇÃO PARTICULARISTA DE DIGNIDADE
HUMANA
André de Almeida1
Neste trabalho eu ofereço uma concepção particularista de
dignidade humana. O objetivo deste artigo não é dar uma explicação
exaustiva de um tipo de concepção de dignidade que é
particularista, mas sim esclarecer que tal concepção se apresenta
como de fato uma alternativa à visão tradicional, e também dar uma
visão da direção que tal concepção tomaria.
Recentemente publiquei um livro intitulado “Agent Particularism:
The Ethics of Human Dignity2”, no qual eu proponho uma teoria de
ética centrada na noção de dignidade humana. Menciono isso pois
no livro eu proponho toda uma teoria de ética, e dela emerge
naturalmente uma concepção de dignidade. Mencionarei neste
artigo apenas alguns elementos dessa teoria, e espero contar com a
compreensão do leitor em relação a isso.
A concepção de dignidade humana que apresento aqui, que
pode ser descrita de maneira mais precisa como uma concepção do
‘particularismo de agentes’ de dignidade, é uma alternativa à visão
mais comum de dignidade que vem de uma tradição cujo principal
expoente é Immanuel Kant. Ela pode ser sintetizada na ideia de que
respeitar a dignidade de uma pessoa é deixar ela ser quem ela
realmente é, ao invés de impor sobre ela ou subjuga-la a algo que
não seja o que ela é. Irei aqui explicar de maneira geral o que quero
dizer com isso.
Vamos a um pouco de contexto, em termos de ética, acerca do
que está envolvido na distinção entre a abordagem particularista de
agentes e a abordagem Kantiana. Em “Agent Particularism: The
Ethcis of Human Dignity rejeito o princípio da universalizabilidade
de julgamentos morais. Tal princípio determina que se eu julgo que
X é a coisa certa para eu fazer em determinada situação, estou
logicamente comprometido com o julgamento que X é também a

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