O capitalismo líquido na modernidade líquida

AutorJorge Pinheiro Castelo
Ocupação do AutorAdvogado, especialista (pós-graduação), mestre, doutor e livre docente pela Faculdade de Direito da Universidade São Paulo
Páginas26-27

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I A exclusividade do princípio do mercado e a neutralização do movimento socialista e do ativismo operário

As transformações têm sido tão vastas que é legítimo falar-se de um novo período: o período do capitalismo líquido, luído, leve ou desorganizado.

A expressão capitalismo desorganizado ou leve tem duplo sentido.26

Em primeiro lugar, significa que as formas de organização típicas do período do capitalismo pesado e organizado estão sendo gradualmente desmanteladas.

Num segundo sentido, quer dizer que o capitalismo líquido, atualmente, está mais bem organizado do que nunca.27

Nesse sentido, o capitalismo líquido passou a dominar todos os aspectos da vida social e conseguiu neutralizar os seus inimigos tradicionais, que produziam paradigmas de pensamento disfucionais e irracionais, sob o ponto de vista da economia de mercado (o movimento socialista, o ativismo operário e as relações sociais não mercantilizadas).28

II A globalização da economia

Para todas as inalidades práticas, a produção não é mais organizada no interior e nos limites políticos do Estado onde se encontra a sede da empresa.

Os avançados sistemas de informações permitiram o controle do processo a partir de um ponto central e praticamente em tempo real.

No novo modelo econômico, é crescente o papel da economia de informação.

A economia de bens é substituída pela economia da informação, passando a ser fundamental a incorporação de processos de conhecimento.

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Nesse novo modelo, ocorre a substituição do tempo diferido pelo tempo real, diversos acontecimentos acontecem simultaneamente.

Na arquitetura da globalização atual corporificou-se a existência de um motor único na história, representado pela mais-valia globalizada.29

A globalização não é um processo que atua de modo uniforme e nem atinge todos os campos da atividade humana.30

É possível dizer que a economia está globalizada. E, ainda, que há uma tendência de universalização da ciência, da tecnologia, das comunicações e até da cultura.

Porém, a globalização não é um processo que possa ser facilmente transportado para a política, já que, em termos políticos, vivemos num mundo que permanece de fato pluralista e dividido em Estados territoriais.31

III O hiperliberalismo...

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