Capitalismo líquido - o tempo instantâneo - a hiperindividualização da existência humana

AutorJorge Pinheiro Castelo
Ocupação do AutorAdvogado, especialista (pós-graduação), mestre, doutor e livre docente pela Faculdade de Direito da Universidade São Paulo
Páginas28-30

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I A importância do consumidor e a desimportância do trabalhador na sociedade de consumo (do espetáculo e do entretenimento) e não mais sociedade de produção/produtores

Atualmente, no capitalismo líquido, as principais fontes de lucro são as ideias e não os objetos materiais.34

As ideais são produzidas uma vez apenas, e ficam trazendo riqueza dependendo do número de pessoas atraídas como compradores/clientes/ consumidores – e não do número de pessoas empregadas e envolvidas na replicação do protótipo.

Quando se trata de tornar ideias lucrativas, os objetos da competição são os consumidores e não os produtores.

Assim, se é que há, o único compromisso do capital se dá com os consumidores.

Só nessa esfera, no capitalismo líquido, se pode falar em dependência mútua.

No capitalismo líquido, o capital depende, para sua lucratividade, dos consumidores – então, os seus itinerários são guiados pela presença ou ausência dos consumidores ou pela chance da “produção” de consumidores, de gerar a demanda pelas ideias em oferta.

Assim, nos itinerários deinidos pelo capitalismo líquido, na preparação de deslocamentos do capital, a força de trabalho é uma consideração secundária.

Consequentemente, o poder de pressão dos trabalhadores sobre o capital (sobre as condições de emprego e disponibilidade de postos de trabalho) encolheu consideravelmente.35

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II Busca dos fins (e não dos meios para atingir determinado fim), a hiperindividualização e suas consequências coletivamente (e para a cidadania)

No capitalismo pesado, Max Weber previu o triunfo da racionalidade instrumental: com o destino, os valores e os ins da história humana resolvidos: as pessoas passariam a se ocupar dos meios.36

O capitalismo líquido, de hoje, não é racional por referência a valores e ins relacionados ao destino do ser humano.

Por isso, o capitalismo líquido encarna outro e novo tipo de incerteza, qual seja: não saber os ins em lugar de não saber quais os meios.

Nas novas circunstâncias, a maior parte da...

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