O fantasma da inutilidade no capitalismo líquido da modernidade líquida e do direito do trabalho líquido

AutorJorge Pinheiro Castelo
Ocupação do AutorAdvogado, especialista (pós-graduação), mestre, doutor e livre docente pela Faculdade de Direito da Universidade São Paulo
Páginas68-70

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I Pessoas inúteis e a perda do significado da existência humana no direito do trabalho líquido

Sentir-se útil significa contribuir com algo de importância para os outros.180

Alguém tem status de útil quando as instituições conferem-lhe legitimidade.

Ser útil enquadra-se nesse mesmo arcabouço, mais que fazer bem em caráter privado, é uma maneira de ser reconhecido publicamente.

As instituições de ponta e do direito do trabalho líquido tentam eximirse das questões de autoridade e legitimidade – questões com as quais não sabem lidar.181

II Fenômenos e forças que carregam o fantasma da inutilidade da existência das pessoas

Em sua forma (pós) moderna e líquida, a sociedade das capacitações precisa apenas de uma quantidade relativamente pequena dos educados dotados de talento, especialmente, nos setores de ponta das altas inanças, da tecnologia avançada e dos serviços soisticados.182

A máquina econômica pode ser capaz de funcionar de maneira eiciente e lucrativa contando, apenas, com uma elite cada vez menor.

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São três as forças que coniguram a pós-moderna ameaça do fantasma da inutili-dade: a oferta global de mão de obra, a automação e a gestão do envelhecimento.183

III Oferta global de mão de obra barata e qualificada

Por conta da oferta global de mão de obra, o capitalismo vai em busca da mão de obra onde quer que ela seja mais barata e qualificada.

Ou seja, entra em funcionamento uma espécie de seleção cultural, de tal maneira que os empregos abandonam países de salários altos como os Estados Unidos e a Alemanha, mas, migram para economias de salários baixos dotadas de trabalhadores capacitados e às vezes mesmo superpreparados.184

Por exemplo, os trabalhadores indianos são mais bem educados e treinados que os empregados de telemarketing do Ocidente.

O fantasma da inutilidade se sobrepõe ao medo dos estrangeiros.

Isto porque, por baixo da camada de puro preconceito étnico ou racial, está impregnada a angústia de que os estrangeiros estejam mais bem equipados para tarefas de sobrevivência no capitalismo líquido da pós-modernidade líquida.185

Esta angústia tem fundamentação na realidade.186

IV Automação

O segundo fantasma...

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