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O descompromisso com o longo prazo como método de trabalho e riqueza na modernidade líquida e no capitalismo líquido e no direito do trabalho líquido

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Vincent
AutorJorge Pinheiro Castelo
Ocupação do AutorAdvogado, especialista (pós-graduação), mestre, doutor e livre docente pela Faculdade de Direito da Universidade São Paulo
Páginas31-34

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I Ainda da libertação do capital

O DESENGAJAMENTO UNILATERAL DO CAPITAL desfazendo o arranjo social por conta da descorporificação do trabalho humano na era do software e do direito do trabalho líquido.

O trabalho, observou Karl Polanyi, não pode ser uma mercadoria (pelo menos não uma mercadoria como as outras), dado que não pode ser vendido ou comprado separado de seus portadores.44

O trabalho sobre o qual Polanyi escrevia era de fato trabalho incorporado: o trabalho não podia ser movido sem mover o corpo dos trabalhadores.

Só se podia alugar e empregar trabalho humano junto com o resto dos corpos dos trabalhadores, e a inércia dos corpos alugados punha limites à liber-dade dos empregadores.

Para supervisionar e canalizar o trabalho de acordo com o projeto era necessário administrar e vigiar os trabalhadores; para controlar o processo de trabalho era preciso controlar os trabalhadores.

Esse requisito colocou o capital e o trabalho face a face, para o bem e para o mal, mas os manteve juntos.

As revoluções e o Estado do Bem-estar Social foram o resultado não previsto, mas inevitável, dessa condição que impedia a separação do capital e do trabalho como opção factível e viável45.

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Atualmente, vivemos outra grande transformação, e um de seus aspectos mais visíveis é um fenômeno que é o exato oposto da condição que Polanyi supunha: a descorporificação do trabalho humano que serve ao capital contemporâneo.

O trabalho sem corpo da era do software não mais amarra o capital: permite ao capital ser extraterritorial, volátil e inconstante.

A descorporificação do trabalho anuncia a ausência de peso (liquifação) do capital e a coniguração do capitalismo líquido no lugar do capitalismo social.46

A dependência entre capital e trabalho mútua foi, unilateralmente, rompida.

Enquanto a capacidade do trabalho é, como antes, incompleta e irrealizável isoladamente, o inverso não se aplica.47

No capitalismo líquido, o capital pode viajar rápido e leve, e sua leveza e mobilidade se tornam as fontes mais importantes da incerteza para todo o resto.

Essa é a nova e principal base de dominação e o principal fator das divisões sociais e da fundação do direito do trabalho líquido (e descompromissado).

O volume e tamanho, próprios do capitalismo pesado e social, deixam de ser recursos para se tornarem riscos.

A...

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