Terceirização nas Cadeias Globais de Valor

AutorJosé Pastore/José Eduardo G. Pastore
Páginas37-44

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Na economia moderna, o processo de terceirizaçao ganhou importância com a incorporação das novas tecnologias nas cadeias produtivas. Nos dias atuais, a produção de bens e serviços é realizada em rede da qual fazem parte vários tipos de profissionais, que trabalham sob diferentes relações de trabalho. No mundo da competição, quem concorre não são as empresas, mas sim as redes ou cadeias de produção. Vende a mais eficiente e a que produz bens e serviços de qualidade crescente e preço decrescente.

Nenhuma empresa é capaz de produzir tudo sozinha. 0 seu sucesso depende de fazer uma boa parceria com outras empresas e especialistas que dominam processos produtivos e tecnologias eficientes. Na verdade, o sucesso decorre da organização da melhor parceria entre empresas e profissionais. A boa terceirizaçao é a que se processe em regime de parceirização. Terceirizar é parceirizar. Os parceiros dividem o trabalho de acordo com suas competências especificas e usam as tecnologias que conhecem e dominam bem.

Como o avanço tecnológico é meteórico, a terceirizaçao igualmente avança a passos largos e se faz cada vez mais necessária na economia globalizada, em

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que o trabalho é fragmentado e realizado por parceiros que têm nítida vantagem comparativa naquilo que fazem.

O texto que segue se inicia com uma visão dos avanços tecnológicos e suas repercussões na educação, qualificação da mão de obra e sobre as relações de trabalho, inclusive a terceirização. Na parte final, defende-se a necessidade de se encontrar novas formas de proteção para as novas maneiras de trabalhar.

A velocidade das mudanças tecnológicas

Vivemos em uma era em que a história corre muito depressa. Já houve outros tempos assim. Lembro aqui a entrada dos teares tocados à máquina a vapor inventada por James Watt, em 1763, e a entrada do motor elétrico inventado por Werner von Siemens, em 1886.

É o que está acontecendo nos dias atuais. As novas tecnologias estão entrando no mundo do trabalho a uma velocidade irreconhecível, abrindo oportunidades e, ao mesmo tempo, colocando enormes desafios para os educadores e os legisladores.

As novas tecnologias tornaram o trabalho moderno mais dependente de elementos intangíveis. Nele predominam as ideias, a criatividade, a capacidade de transformar informações em conhecimentos e, com isso, a competência para inovar e para transformar. O abstrato passou a pesar mais do que o concreto.

Com a revolução tecnológica, vieram as novas exigências nos campos da educação e das relações do trabalho.

Impacto na educação

Paul Krugmann, Prémio Nobel de Economia, costuma dizer que para o crescimento económico a produtividade não é tudo, mas quase tudo. Parafraseando o economista, diria que para a produtividade a educação não é tudo, mas quase tudo.

A educação de boa qualidade tornou-se uma peça fundamental para a produção e para a produtividade. Já não basta ser adestrado. É preciso ser bem-educado e, sobretudo, saber pensar. A empresa moderna busca profissionais que tenham bom-senso, lógica de raciocínio, competência para se comunicar, que sejam capazes de aprender continuamente, preparados para trabalhar em grupo e, por fim, que conheçam bem o seu ofício.

Mais do que isso, é preciso ter uma boa educação básica para poder usá-la no processo de aprendizagem contínua exigida nos tempos de mudança em que

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vivemos. Sim, porque a velocidade das mudanças tecnológicas encurta as carreiras e provoca a obsolescência quando desacompanhadas da educação continuada.

Estudos recentes indicam que quase a metade dos empregos dos Estados Unidos tem alta probabilidade de desaparecer em menos de dez anos, porque serão substituídos por robôs inteligentes, computadores que pensam e corrigem os próprios erros, drones que entregam mercadorias e outras inovações.

Nesses estudos, foram examinadas mais de 700 profissões que, à luz das novas tecnologias, foram classificadas como de alto, médio e baixo risco de sobrevivência.

As mais críticas são as que envolvem tarefas rotineiras e repetitivas que passarão a ser realizadas por meios mecânicos e eletrônicos, incluindo as ocupações das linhas de produção industrial, da logística, do transporte, da construção, os vendedores, balconistas, caixas e todas as profissões que podem ser...

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