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Uma história de afeto acadêmico

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Vincent
AutorEdna Raquel Hogemann
Ocupação do AutorDoutora em Direito, com Pós-Doutorado em Direitos Humanos, professora permanente do PPGD da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde é Decana e membro da Law&Society Association
Páginas31-41
31
UMA HISTÓRIA DE AFETO ACADÊMICO
Edna Raquel Hogemann1
Introdução
A teoria dos afetos, organizada por Spinoza na terceira parte
da Ética, coloca em jogo uma realidade que se revela tanto corporal
quanto mental. Para esse autor, um afeto não pode ser reduzido a uma
simples paixão, mas também não se resume a uma ação mental. O
afeto, segundo Spinoza, contém simultaneamente um elemento que
corresponde ao real material e ao psicológico. Isso significa, por assim
dizer, uma dimensão que se corporifica, sob agregação das imagens
corpóreas, e um enfoque mental, repousada na ligação das ideias na
mente. O afeto, desse modo, envolve, igualmente, uma afecção do
corpo e a noção dessa afecção, nos termos do conceito III da parte III
da Ética, que estabelece os afetos como as "afecções do corpo pelas
quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou
refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afecções" (SPINOZA,
1677/2009, p. 98). A alegria, a tristeza e o desejo considerados os
afetos primários por esse o filósofo, não são, deste modo, singelas
manifestações do real em termos psicológicos; a eles correspondem
um correlato físico e indicam um estado não somente mental, mas
também material de ser. Assim, a compreensão do desejo, numa
dimensão lato sensu é, numa perspectiva spinoziana, perceber ao
mesmo tempo os processos materiais que orientam o seu estado e a
sua tonalidade psíquica, mas também o modo como ele é vivido e
1 Doutora em Direito, com Pós-Doutorado em Direitos Humanos, professora
permanente do PPGD da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde é
Decana e membro da Law&Society Association.

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