Calmon, Pedro

AutorAirton Cerqueira-Leite Seelaender, Arno Wehling
Páginas51-57
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CALMON, PEDRO
Pedro Calmon Moniz de Bittencourt foi um personagem com
múltiplas atuações no âmbito intelectual e na vida pública. Bacharel em
Direito, foi jurista e historiador, ao mesmo tempo em que teve passagens
pela política, como deputado estadual na Bahia da Primeira República,
deputado federal antivarguista nos anos 1930 e Ministro da Educação e
Saúde no final do Governo Dutra. No plano institucional, foi servidor
concursado no Museu Histórico Nacional, professor catedrático de Direito
Constitucional na Faculdade Nacional de Direito e da PUC do Rio de
Janeiro, bem como catedrático de História do Brasil do Colégio Pedro II.
Ademais, foi diretor da Faculdade de Direito e, durante quase dezoito anos,
reitor da Universidade do Brasil, além de ter sido orador oficial e
presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e, por curto
período, presidente da Academia Brasileira de Letras. É impossível falar
de Pedro Calmon sem mencionar essas redes, que, atreladas à sua origem
na aristocracia baiana, ajudam a compreender o seu papel como historiador.
Durante muitos anos, suas obras dedicadas à História do Brasil
gozaram de popularidade entre os leitores, até que se iniciasse um processo
de renovação crítica na historiografia brasileira que identificou em seus
escritos elementos de uma história factual (histoire événementielle), a qual
foi combatida e passou a ser progressivamente ignorada. Esse modelo,
largamente influenciado por autores como Johann Gottfried von Herder
(1744-1803) e Leopold von Ranke (1795-1886), se centrava em uma
narrativa de acontecimentos, no retrato de grandes homens e na busca pelas
motivações dos feitos desses atores. Arno Wehling identificou a obra de
Pedro Calmon como ligada ao historismo e representante de uma tradição
hermenêutica na historiografia brasileira, iniciada por Varnhagen e
caracterizada pela interpretação dos fenômenos estudados a partir da
compreensão de comportamentos e atitudes de indivíduos e coletividades,
ainda que reconheça, em alguns livros de Calmon, uma abertura à tradição
analítica ao abordar outros temas além dos puramente políticos. Seguindo
esse modelo, Wehling relata a noção do que ficou conhecido como
“tribunal da história”, espécie de avaliação ou julgamento de

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