Martins Junior, José Izidoro

AutorAirton Cerqueira-Leite Seelaender, Arno Wehling
Páginas203-216
203
MARTINS JUNIOR, JOSÉ IZIDORO
José Izidoro Martins Júnior (1860-1904) pertence integralmente à
geração de intelectuais seduzidos pelo conceito de ciência positiva e
natural saída das faculdades de direito nas duas últimas décadas do século
XIX. Formou-se no Recife em 1883, um ano depois de Clovis Beviláqua,
de quem foi colega também no jornalismo acadêmico (Idéia Nova, Vigília
literária). Dele, o autor do projeto de Código Civil escreve um simpático
resumo biográfico, evidenciando laços de amizade pessoal e
compatibilidade intelectual, ambas reveladas na “Breve notícia de Clovis
Bevilaqua e Jose I. Martins Junior” publicada no Diário de Pernambuco,
em 13 de março de 1883. No mesmo ano de 1883 Pedro Lessa formava-se
em São Paulo, respirando o mesmo ambiente positivista e científico, o que
se refletirá também na concepção de história de ambos.
Conforme nos conta Bevilaqua, Martins Junior, apesar de ter feito
um curso brilhante, não se entusiasmara pelo direito senão depois das
lições de Tobias Barreto e de meditar com os “grandes mestres” alemães e
italianos. Essa concisa nota é bastante reveladora, pois apesar de ter se
tornado o primeiro autor de referência para a história do direito, cujo ensino
fora introduzido no Brasil pela reforma Benjamin Constant, a obra de
Martins Júnior revela a variedade de suas inclinações, das quais a produção
jurídica representa apenas uma parte.
De fato, seu empenho na literatura e no jornalismo ocupou mais de
seu tempo e de suas energias. Sua obra jurídica está concentrada em poucos
livros: Fragmentos jurídico-philosophicos (1891), História do direito
nacional (1895) e Compêndio de história geral do direito (1898). Publicou,
também, artigos na Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife,
como “Sobre o estado actual do Direito Civil” (1891).
Tendo atuado na imprensa ao longo de toda sua vida, fez, desde
jovem, discursos, conferências e manifestos, como republicano e
abolicionista. Em 3 de julho de 1884 aparece como um dos fundadores da
sociedade Comissão Central Emancipadora e, no dia 17 do mesmo mês,
dirige à Assembléia Geral do Império um requerimento de abolição
imediata da escravidão, sem indenização dos senhores e com a adscrição

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