Faoro, Raymundo

AutorAirton Cerqueira-Leite Seelaender, Arno Wehling
Páginas73-82
73
FAORO, RAYMUNDO
Nasceu em Vacaria, município próximo à fronteira com Santa
Catarina, ao norte de Caxias do Sul. Em 1930, a família de proprietários
agrícolas mudou-se para o interior do estado vizinho. Em 1948, com 23
anos, formou-se em Direito pela UFRGS. Em Porto Alegre, já participava
no ano anterior de movimento literário em torno da efêmera revista Quixote,
cujo lema, de Unamuno, dizia: “Vamos fazer uma barbaridade”. Na época,
diante da falta de comunicação com a Europa por conta da guerra, teve
acesso a obras de filosofia e ciências sociais através de uma livraria da
cidade, que importava livros em espanhol de Buenos Aires. Radicou-se no
Rio de Janeiro em 1951, tornando-se procurador do estado menos de dois
lustros depois. A essa altura, já tinha publicado a primeira edição de Os
donos do poder (1958), que recebeu o prêmio José Veríssimo da ABL. Na
década seguinte, integrou o Conselho Federal de Cultura, criado em 1966,
provavelmente na vaga que o amigo e também gaúcho Augusto Meyer
deixara com sua morte em 1970. Nessa condição, viu-se encarregado por
Artur César Ferreira Reis (1906-1993) de retomar projeto de Hélio Viana
(1908-1972) e escrever a apresentação de O debate político no processo da
Independência (1973), que o órgão decidira patrocinar no sesquicentenário
de 1822, reunindo seis dos folhetos que circularam no período1. Em 1974,
dedicado a Francisco de Assis Barbosa, Machado de Assis: a pirâmide e o
trapézio revelava o minucioso leitor que era de quem tinha escrito “O
alienista”; e o intérprete original, em quem se tornara, apesar de certa
prolixidade, da sociedade do segundo reinado. No ano seguinte, surgiu
então a segunda edição de Os donos do poder: formação do patronato
político brasileiro, pela mesma editora Globo de Porto Alegre, agora em
associação com a Editora da Universidade de São Paulo, que passa de um
para dois volumes, de 270 para 750 páginas e de 140 para 1335 notas.
1 Tais folhetos, cujo estudo foi retomado por Maria Beatriz Nizza da Silva e Lucia Maria
Bastos, integram hoje a vasta coleção editada por José Murilo de Carvalho, Lucia Maria
Bastos & Marcello Basile (orgs.), Guerra Literária, Belo Horizonte, Ed. da UFMG, 2014,
4 v.

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