Holanda, Sérgio Buarque de

AutorAirton Cerqueira-Leite Seelaender, Arno Wehling
Páginas175-184
175
HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE
Sérgio Buarque de Holanda apresentou em Raízes do Brasil as
linhas gerais de sua interpretação sobre o nosso país. A obra foi extraída de
um manuscrito mais amplo composto na passagem da década de 1920 para
a de 1930. A primeira edição foi publicada em 1936, no Rio de Janeiro. O
Brasil vivenciava então importantes mudanças. A quebra do setor cafeeiro,
na esteira do crash de 1929, intensificara as tensões sociais e políticas que
se acumularam ao longo da década de 1920. Em 1930, após uma dissensão
entre as oligarquias estaduais sobre as eleições presidenciais, um
movimento armado alçou Getúlio Vargas ao poder e encerrou a “República
Velha”. Após muitas pressões– inclusive com a ameaça concreta de
secessão de São Paulo– o regime revolucionário convocou uma
Assembleia Constituinte em 1933. Promulgada a Constituição em 1934,
Vargas foi mantido no poder como presidente eleito indiretamente pelo
Congresso Nacional. O cenário político brasileiro se encontrava então
agitado por grupos de extrema direita e de extrema esquerda, refletindo
internamente o contexto internacional. Em 1935, com o pretexto de
combater a ameaça comunista, Vargas suspendeu as garantias
constitucionais. No ano seguinte à publicação de Raízes do Brasil, em 1937,
instaurou-se o Estado Novo. O regime ditatorial conduzido pelo próprio
Vargas durou até 1945. No contexto internacional, o mundo padecia os
efeitos da crise econômica de 1929. Várias democracias liberais ocidentais
entraram em colapso. Na Alemanha, o nazismo ascendeu ao poder. Na
Itália, o fascismo se consolidou. Na Espanha, após sangrenta guerra civil,
instaurou-se a ditadura franquista. Na União Soviética, o regime stalinista
endureceu. Os EUA, mediante uma política de forte intervenção estatal na
economia, recuperavam-se do cataclismo financeiro.
Em Raízes do Brasil é possível notar as influências do historicismo
de Dilthey e da sociologia de Weber. S. B. de Holanda procurou aquilo que
seria singular na formação da sociedade brasileira para “investigar nossa
personalidade nacional através de suas raízes históricas”. Para tanto,
buscou no pensamento weberiano os tipos ideais (trabalhador x aventureiro;
semeador x ladrilhador; homem cordial) e as reflexões sobre

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