Solidariedade tem nome: mutirão contra a desnutrição infantil: experiência de 20 anos

AutorAderbal Magno Caminada Sabra e Selma Dantas Teixeira Sabra
Páginas3-23
SOLIDARIEDADE TEM NOME:
MUTIRÃO CONTRA A DESNUTRIÇÃO INFANTIL:
EXPERIÊNCIA DE 20 ANOS
Aderbal Magno Caminada Sabra
Membro Titular da Academia Nacional de Medicina. Chefe da Unidade de Alergia
Alimentar e Autismo do Serviço de Imunologia Clínica e Experimental da Santa Casa
da Misericórdia do Rio de Janeiro. Foi Professor Titular de Pediatria da UFF, da UFRJ,
da FM de Petrópolis e da UNIGRANRIO. Fez Livre Docência e tornou-se Doutor na
UFRJ. Possui Pós-Doc em: Gastroenterologia, Doenças Infecciosas Intestinais e em
Imunologia e Alergia Alimentar. Autor de livros de medicina e autor de mais de 150
trabalhos cientícos, com os trabalhos pioneiros que associam alergia alimentar e
autismo.
Selma Dantas Teixeira Sabra
Professora Adjunta – Mestre da Pediatria da Universidade Federal Fluminense – UFF
e da Clínica Médica da Criança e do Adolescente da Universidade do Grande Rio –
UNIGRANRIO. Doutoranda da UFF. Membro Titular da Academia de Medicina do
Rio de Janeiro. Membro da Associação de Mulheres Jornalistas e Escritoras do Brasil,
(AJEB) Unidade Rio de Janeiro. Membro Titular da Academia Brasileira de Medicina
e Reabilitação. Editora da Coluna Saúde de domingo do Jornal “O Fluminense”.
Bacharel em Direito, advogada com pós-graduação “Lato Sensu” em Direito Civil
e Processo Civil.
Sumário: 1. Considerações iniciais – 2. Introdução – 3. Resultados – 4. Discussão – 5. Conclusões.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A desnutrição continua sendo uma das causas de morbidade e mortalidade mais
comuns entre crianças de todo o mundo. Sabemos muito bem como evitar a má nutri-
ção, desde a concepção até a primeira infância e a adolescência. Para isso um conjunto
de ações são necessárias para tentar minimizar o problema, criando uma determinação
política dos governos nacionais, respaldada por compromissos f‌inanceiros claros, além
de políticas que incentivem o investimento do setor privado em alimentos nutritivos,
seguros e acessíveis para crianças, adolescentes, mulheres e famílias em geral.
No Brasil, embora a prevalência da desnutrição na infância tenha caído nas úl-
timas décadas, o percentual de óbitos por desnutrição grave em nível hospitalar, se
mantém em torno de 20%, muito acima dos valores recomendados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), inferiores a 5%.
Este capítulo narra um projeto criado com o objetivo de oferecer atendimento mé-
dico às crianças nos locais de difícil acesso. Inserir os alunos no treinamento da prática
médica, estimulando o interesse social pela prevenção e pelo atendimento primário. As
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patologias encontradas foram diagnosticadas e tratadas e os cartões vacinais vistoriados
e atualizados. As crianças foram pesadas e medidas e aquelas com risco nutricional, de
muito baixo peso ou baixo peso, foram encaminhadas para os Portais do Crescimento,
Centro de Atenção à Criança Caxiense (CAICS), para a recuperação nutricional.
2. INTRODUÇÃO
A desnutrição continua a ser uma das causas de morbidade e mortalidade
mais comuns entre crianças de todo o mundo. No Brasil, embora a prevalência da
desnutrição na infância tenha caído nas últimas décadas, o percentual de óbitos por
desnutrição grave em nível hospitalar, se mantém em torno de 20%, muito acima dos
valores recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), inferiores a 5%.
Apesar do declínio da desnutrição, 149 milhões de crianças com menos de 5
anos ainda sofrem de déf‌icit de crescimento e quase 50 milhões têm baixo peso; 340
milhões de crianças sofrem com a fome oculta de vitaminas e minerais1.
Sabemos muito bem como evitar a má nutrição, desde a concepção até a primeira
infância e a adolescência. Para isso um conjunto de ações são necessárias para tentar
minimizar o problema, criando uma determinação política dos governos nacionais,
respaldada por compromissos f‌inanceiros claros, além de políticas que incentivem
o investimento do setor privado em alimentos nutritivos, seguros e acessíveis para
crianças, adolescentes, mulheres e famílias.
É necessária que a nutrição infantil seja uma prioridade não apenas no sistema
alimentar, mas também nas políticas de saúde, fornecendo também água e saneamento
básico, garantindo educação e proporcionando proteção social. O sucesso em cada
uma delas apoia o sucesso de todas.
O programa Ações Integradas das Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), do
Ministério da Saúde, tem como objetivos identif‌icar e tratar as principais doenças da
infância e aplicar medidas de prevenção e promoção de saúde. A Universidade em
parceria com a Arquidiocese de Duque de Caxias, a Pastoral da Criança e a Secretaria
Municipal de Saúde, instituiu um programa de atendimento médico às comunidades
carentes, aplicando o AIDPI modif‌icado para combater a desnutrição.
Este projeto teve como objetivo oferecer atendimento médico às crianças nos
locais de difícil acesso. Inserir os alunos no treinamento da prática médica, estimu-
lando o interesse social pela prevenção e pelo atendimento primário. As patologias
encontradas são diagnosticadas e tratadas e os cartões vacinais vistoriados e atuali-
zados. As crianças são pesadas e medidas e aquelas com risco nutricional, de muito
baixo peso ou baixo peso, são encaminhadas para os Portais do Crescimento, Centro
de Atenção à Criança Caxiense (CAICS), para a recuperação nutricional.
1. UNICEF, 2019. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/5566/f‌ile/Situacao_Mundial_da_In-
fancia_2019_ResumoExecutivo.pdf.UNICEF2019. Acesso em: 15 ago. 2021.
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