Direito Tributário

AutorRobinson Barreirinhas e Henrique Subi
Páginas171-224
1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
(Procurador do Estado/AC – 2017 – FMP Em referência à delegação de
competência tributária assinale a alternativa CORRETA.
(A) É possível delegar a competência tributária urna vez
ao ano, por ocasião da produção da lei orçamentária.
(B) As funções de scalização e arrecadação dos tributos
podem ser delegadas, e também a produção de nor-
mas para denição dos tributos a serem arrecadados.
(C) Somente a função de produção de normas tributárias
pode ser delegada de um ente para outro.
(D) Somente a prerrogativa de scalizar os tributos pode
ser delegada.
(E) Nenhuma das alternativas acima está correta.
A: incorreta, pois a competência tributária, isto é, a competência para
legislar sobre tributos, é indelegável – art. 7º do CTN; B: incorreta, pois
a competência legislativa (de produção de normas legais) é indelegável,
conforme comentário anterior; C: incorreta, pois a competência tributá-
ria, ou seja, a competência legislativa relativa à tributação, é indelegável,
conforme comentários anteriores; D: incorreta, pois além da atribuição
de scalizar tributos, é possível a delegação das funções de arrecadar
e de executar leis, atos e decisões administrativas, nos termos do art.
7º do CTN; E: esta é a correta, por exclusão das demais.
Gabarito “E”
(Procurador do Estado/SP – 2018 – VUNESP) Estado AB cria imposto
sobre o valor das operações internas de circulação de
mercadorias que ultrapassar o preço nacional médio do
mesmo produto, conforme divulgado pela Administração
Tributária local. Considerada a situação hipotética apre-
sentada, e com base na Constituição Federal, assinale a
alternativa correta.
(A) O imposto é inconstitucional porque o Estado AB não
tem competência residual para instituir tributos.
(B) O imposto é constitucional por ser de competência
tributária especial dos Estados para criar tributos com a
nalidade de corrigir distorções concorrenciais, tendo
como fato gerador e base de cálculo o desequilíbrio
e o respectivo valor.
(C) O imposto é constitucional, pois decorre da com-
petência tributária residual do Estado para prevenir
distorções concorrenciais, tendo por base de cálculo
o valor do desequilíbrio concorrencial.
(D) O imposto é inconstitucional porque, embora o Estado
AB possa instituir tributo para corrigir distorções
concorrenciais, a base de cálculo do novo tributo é
própria do ICMS.
(E) O imposto é inconstitucional porque, embora o Estado
AB possa instituir tributo para corrigir distorções con-
correnciais, está baseado em pauta scal, vedada pela
A: correta, sendo esta a melhor alternativa, por trazer interpretação razo-
ável da situação e por exclusão das demais. De fato, somente a União
pode instituir imposto não previsto expressamente na Constituição
Federal, o que se denomina competência residual – art. 154, I, da CF.
Entretanto, considerando-se que o tributo é denido por seu fato gerador
e por sua base de cálculo (art. 4º do CTN), é razoável também a interpre-
tação no sentido de que a questão descreve simplesmente o ICMS (cujo
fato gerador é a circulação de mercadorias – art. 155, II, da CF), ou uma
espécie de adicional ao ICMS incidente sobre as operações internas,
majorando o valor originariamente cobrado (aparentemente, trata-se
de uma alíquota adicional sobre o valor da mercadoria que ultrapassar
determinado montante). Considerando que o Estado tem competência
para xar as alíquotas de ICMS, desde que respeite eventual teto xado
pelo Senado (art. 155, § 2º, b, da CF), talvez seja defensável a exação
discutida, a depender de maiores detalhes não trazidos na questão,
muito embora seja discutível a existência de progressividade do ICMS
em relação ao valor da mercadoria; B: incorreta, pois é reservada à
lei complementar federal o estabelecimento de critérios especiais de
tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência,
sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas
de igual objetivo – art. 146-A da CF; C: incorreta, pois somente a União
detém a chamada competência residual – art. 154, I, da CF; D e E:
incorretas, conforme comentários anteriores. RB
Gabarito “A”
(Procurador do Município/Manaus – 2018 – CESPE) Julgue o item
que se segue à luz do que dispõe o Código Tributário
(1) Apenas pessoas jurídicas de direito público podem
gurar como sujeitos ativos de obrigações tributárias.
1: correta, conforme a literalidade do art. 119 do CTN: “Sujeito ativo
da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da com-
petência para exigir o seu cumprimento.” Interessante notar que há
entendimento no sentido de que pessoas de direito privado (inclusive
naturais) podem, excepcionalmente, ser sujeitos ativos, como é o caso
dos notários, que cobram emolumentos (= taxas) pela prestação de
serviços cartorários. RB
Gabarito “1C”
(Procurador do Estado/SE – 2017 – CESPE) Os tributos cuja insti-
tuição compete aos municípios incluem o
(A) ITBI, o IPI e o IPVA.
(B) ITR, o ITCMD e o IPI.
(C) ITBI, o IPVA e o ITCMD.
(D) IPTU, o ITR e o ISSQN.
(E) IPTU, o ITBI e o ISSQN.
Os municípios e o Distrito Federal têm competência em relação a
três impostos: IPTU, ITBI e ISS, razão pela qual a alternativa “E” é a
correta. RB
Gabarito “E”
(Procurador Municipal – Sertãozinho/SP – VUNESP – 2016) Os muni-
cípios podem, exercendo a opção que lhes permite a
Constituição Federal, cobrar e scalizar um imposto
pertencente à competência impositiva de outro ente tri-
3. Direito tributário
Robinson Barreirinhas e Henrique Subi
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ROBINSON BARREIRINHAS E HENRIQUE SUBI
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butante, caso em que terão direito a totalidade do produto
da arrecadação. Trata-se do imposto sobre
(A) a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão
física.
(B) transmissão 6 e doação, de quaisquer bens ou direitos.
(C) propriedade territorial rural.
(D) produtos industrializados.
(E) propriedade de veículos automotores.
O único caso de alteração de sujeição passiva de imposto é a do ITR
federal, que pode ser scalizado e cobrado pelos Municípios que assim
optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto
ou qualquer outra forma de renúncia scal – art. 153, § 4º, III, da CF.
Todos os outros impostos são scalizados e cobrados pelo próprio
ente competente, ou seja, pelo ente a quem foi conferida a competência
tributária pela Constituição Federal.
Por essa razão, a alternativa “C” é a correta. RB
Gabarito “C”
(Procurador – SP – VUNESP – 2015) É imposto que não incide
sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital,
nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente
de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurí-
dica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
a locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.
Trata-se do imposto cuja competência impositiva pertence
(A) à União, exclusivamente.
(B) à União, privativamente.
(C) aos Estados.
(D) aos Municípios.
(E) aos Estados e ao Distrito Federal.
A assertiva descreve as imunidades relativas ao ITBI municipal, nos
termos do art. 156, § 2º, I, da CF. Por essa razão, a alternativa “D” é
a correta, lembrando que não apenas os Municípios, mas também o
Distrito Federal possui competência para instituir e cobrar o ITBI – art.
147, in ne, da CF. RB
Gabarito “D”
(Procurador – PGFN – ESAF – 2015) Sobre a competência tributá-
ria prevista no CTN, assinale a opção incorreta.
(A) Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou
em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público
pertencem à competência legislativa daquela a que
tenham sido atribuídos.
(B) A competência tributária, salvo exceções, é indelegá-
vel, podendo a atribuição das funções de arrecadar ou
scalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos
ou decisões administrativas em matéria tributária, ser
conferida de uma pessoa jurídica de direito público a
outra.
(C) A atribuição da função de arrecadar ou scalizar
tributos, conferida por uma pessoa jurídica de direito
público a outra, pode ser revogada, a qualquer tempo
e unilateralmente, pela pessoa que a tenha conferido.
(D) A atribuição das funções de arrecadar tributos pode
ser cometida a pessoas jurídicas de direito privado.
(E) A atribuição das funções de executar leis, serviços,
atos ou decisões administrativas em matéria tributária,
conferida por uma pessoa jurídica de direito público
a outra, também confere as garantias e os privilégios
processuais que competem à pessoa jurídica de direito
público que a cometeu.
A: correta, nos termos do art. 6º, parágrafo único, do CTN; B: incorreta,
pois não há exceção à indelegabilidade da competência tributária,
entendida como competência legislativa plena – arts. e do CTN;
C: correta, conforme art. 7º, § 2º, do CTN; D: correta, conforme art. 7º,
§ 3º, do CTN; E: correta – art. 7º, § 1º, do CTN. RB
Gabarito “B”
2. PRINCÍPIOS
(Procurador/PA – CESPE – 2022) Art. 150. Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que
se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer
distinção em razão de ocupação prossional ou função
por eles exercida, independentemente da denominação
jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Considerando o princípio da isonomia tributária, previsto
no dispositivo constitucional reproduzido anteriormente,
assinale a opção correta, acerca da constitucionalidade
de dispositivos da Lei estadual n.º 6.017/1996 (Lei do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores
do Estado do Pará).
(A) É inconstitucional a previsão da citada lei estadual
que concede isenção do Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores aos veículos de propriedade
de pessoa com deciência física, visual ou mental,
severa ou profunda, ou de pessoa autista, incluídos
os veículos cuja posse é detida em decorrência de
contrato mercantil (leasing).
(B) É inconstitucional a previsão da citada lei estadual que
concede imunidade do Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores aos veículos pertencentes às
instituições com nalidade lantrópica consideradas
de utilidade pública.
(C) É constitucional a previsão da citada lei estadual que
concede isenção do Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores aos veículos de propriedade de
entidades que tenham como objetivo o trabalho com
pessoas com deciência física, quando se tratar de
veículos adaptados por exigência do órgão de trânsito,
mesmo que sua posse seja detida em decorrência de
contrato mercantil (leasing).
(D) É constitucional isenção do Imposto sobre a Pro-
priedade de Veículos Automotores aos veículos de
propriedade de quilombolas e indígenas, mesmo
que sua posse seja detida em decorrência de contrato
mercantil (leasing).
(E) É inconstitucional a previsão da citada lei estadual que
concede isenção do Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores aos veículos de propriedade de
pessoa com deciência física, visual ou mental, severa
ou profunda, ou de pessoa autista, porque emprega
tratamento desigual entre contribuintes.
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3. DIREITO TRIBUTÁRIO
O princípio da isonomia não implica tratar todos igualmente em qual-
quer situação, mas sim tratar desigualmente as pessoas em situações
desiguais, na medida dessa desigualdade. No caso, é viável a isenção
de caráter pessoal, nos termos do art. 145, § 1º, da CF, ou seja, con-
siderando peculiaridades de determinadas pessoas, com o intuito de
observar o interesse público. A isenção de IPVA (e de outros impostos)
em favor de pessoas com deciência é usual e constitucional, ainda que
o beneciário seja possuidor do automóvel arrendado (o arrendatário
é considerado contribuinte, nos termos da legislação estadual – ver
por exemplo REsp 1.655.504/DF). Por essas razões, a alternativa “C”
é a correta. RB
Gabarito “C”
(Procurador/PA – CESPE – 2022) A Lei Complementar n.º
192/2022 dene os combustíveis sobre os quais incidirá
uma única vez o ICMS. A seguir, estão reproduzidos o
art. 9.º e respectivo parágrafo único desse diploma legal.
Art. 9.º. As alíquotas da Contribuição para os Programas
de Integração Social e de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (Contribuição para o PIS/Pasep) e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(Cons) de que tratam os incisos II e III do caput do art.
incisos II, III e IV do caput do art. 23 da Lei n.º 10.865, de
30 de abril de 2004, e os arts. 3.º e 4.º da Lei n.º 11.116,
de 18 de maio de 2005, cam reduzidas a 0 (zero) até
31 de dezembro de 2022, garantida às pessoas jurídicas
da cadeia, incluído o adquirente nal, a manutenção dos
créditos vinculados.
Parágrafo único. As alíquotas da Contribuição para
os Programas de Integração Social e de Formação do
Patrimônio do Servidor Público incidente na Importa-
ção de Produtos Estrangeiros ou Serviços (Contribuição
para o PIS/Pasep-Importação) e da Contribuição Social
para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo
Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior
(Cons-Importação) incidentes na importação de óleo
diesel e suas correntes, de biodiesel e de gás liquefeito
de petróleo, derivado de petróleo e de gás natural, e de
querosene de aviação de que tratam o § 8.º do art. 8.º
Lei n.º 11.116, de 18 de maio de 2005, cam reduzidas
a 0 (zero) no prazo estabelecido no caput deste artigo.
Tendo como referência o princípio da anterioridade,
assinale a opção correta, referente ao dispositivo legal
apresentado, que impõe aplicação imediata à regra que
reduz a zero as alíquotas de contribuições sociais.
(A) A norma não se aplica imediatamente, porque deve
observar a anterioridade contributiva estabelecida no
(B) A norma se aplica imediatamente, porque está de
acordo com a noventena do § 1.º do art. 150 da
(C) A norma não se aplica imediatamente, porque deve
observar a anterioridade plena estabelecida na alínea
(D) A norma não se aplica imediatamente, porque deve
observar a anterioridade nonagesimal estabelecida no
exclui a anterioridade anual do ICMS-combustível.
(E) A norma se aplica imediatamente, porque sobre ela
não incide a anterioridade, visto que se trata de norma
que benecia o contribuinte.
O princípio da anterioridade anual e nonagesimal, previsto no art. 150,
III, “b” e “c”, da CF, posterga o início da ecácia de norma que institui e
majora tributos, apenas, não sendo aplicável àquelas que extinguem ou
reduzem a tributação. Por essa razão, a alternativa “E” é a correta. RB
Gabarito “E”
(Procurador/PA – CESPE – 2022) O art. 18-A do Código Tribu-
tário Nacional, cuja redação foi acrescentada pela Lei
Complementar n.º 194/2022, estabelece que “Para ns
da incidência do imposto de que trata o inciso II do caput
do art. 155 da Constituição Federal, os combustíveis,
o gás natural, a energia elétrica, as comunicações e o
transporte coletivo são considerados bens e serviços
essenciais e indispensáveis, que não podem ser tratados
como supéruos.”. A identicação dos bens e serviços
como não supéruos pela citada lei segue
(A) a capacidade contributiva, implementada pelo sub-
princípio da proporcionalidade tributária, o qual
mantém a mesma alíquota para bases de cálculo
diferentes.
(B) a proporcionalidade do tributo, que prevê a aplicação
de uma mesma alíquota a bases de cálculo de valo-
res diferentes, evidenciando-se a proporcionalidade
tributária.
(C) a seletividade do tributo, que prevê a aplicação de
alíquotas menores a bens menos essenciais à sobre-
vivência humana.
(D) a seletividade do tributo, que prevê a aplicação de
alíquotas menores a bens mais essenciais à sobrevi-
vência humana.
(E) a progressividade do tributo, que prevê a aplicação
de alíquotas menores em razão de menores bases de
cálculo.
A essencialidade das mercadorias e serviços, ou seja, a distinção
entre os supéruos e aqueles mais relevantes para as necessidades
básicas das pessoas, é o critério para distinção das alíquotas do ICMS
nos termos da seletividade prevista no art. 155, § 2º, III, da CF. Pela
seletividade, a tributação deve ser menor para as operações com
mercadorias e serviços com grau mais elevado de essencialidade,
e deve ser maior para aqueles mais supéruos. Por essas razões, a
alternativa “D” é a correta. RB
Gabarito “D”
(Procurador do Município – S.J. Rio Preto/SP – 2019 – VUNESP) Quando
o tributo está relacionado com a descentralização da
atividade pública, sendo instituído para o m de dotar
de recursos determinadas entidades, encarregadas pelo
Estado de atender necessidades sociais especícas, refe-
rido tributo terá por característica a
(A) scalidade.
(B) extrascalidade.
(C) parascalidade.
(D) seletividade.
(E) essencialidade.
A: incorreta, pois scalicalidade se refere à função arrecadatória,
característica da exigência e cobrança dos tributos pelo próprio ente
político tributante (União, Estados, DF e Municípios); B: incorreta,
pois extrascalidade se refere à função de intervenção ou interferência
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