Em busca de trabalho digno no setor de serviços em supermercados
| Autor | Carlos Alberto Reis de Paula |
| Ocupação do Autor | Professor Adjunto aposentado da Universidade de Brasília (UnB). Doutor e Mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Advogado |
| Páginas | 282-293 |
CAPÍTULO 18
(1) Professor Adjunto aposentado da Universidade de Brasília (UnB). Doutor e Mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ministro
aposentado do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Advogado.
Em Busca de Trabalho Digno no
Setor de Serviços em Supermercados
CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA
(1)
Resumo: A partir do marco teórico do direito fundamental ao trabalho digno, cuida-se de uma visão crítica sobre o trabalho em
supermercados nos dias atuais.
Palavras-chave: Trabalho digno. Condições de trabalho nos supermercados no Brasil.
Abstract: We present a critical view of the current working conditions on supermarkets, based on currently acceptable standards
of respectable, decent labor, and on the framework of the fundamental law
Keywords: Decent labor. Supermarket working conditions in Brazil.
1. INTRODUÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS
SOBRE O TRABALHO DIGNO
Ao se centrar as reflexões sobre o trabalho, é mis-
ter se atentar que o seu significado apresenta varian-
tes, a depender de se voltar para o sujeito trabalhador
ou para as circunstâncias históricas que se está a viver.
Com os olhares voltados para o trabalhador, esse pode
se apresentar sob diversas modalidades, como empre-
gado ou como autônomo, para se firmar na distinção
mais básica. De qualquer sorte, importa estabelecer
que em qualquer de sua manifestação, o trabalhador
há de ser valorizado.
O trabalho há de ser focado como valor humano,
qual seja, como expressão de realização do homem. Ou
seja, instrumento para transformação tanto do sujeito
como da sociedade.
Esse eixo teórico parece conflitar com o que se reve-
la na estruturação da sociedade, organizada no mundo
capitalista. Ao se fazer a leitura da formatação da socie-
dade, no final do século XX e início do século XXI, veri-
fica-se a continuada fragilização do trabalho, enquanto
valor, e a completa alienação pela construção de sua
dignidade. A observação vale tanto para a análise do
trabalhador como indivíduo assim como para uma per-
cepção de sua integração social, em uma identidade
coletiva.
Se situarmos os direitos fundamentais de primeira,
assim como de segunda e terceira geração, temos que
há um inter-relacionamento e que se completam para a
formatação da dignidade da pessoa humana. Transpa-
rece óbvio que o direito à vida ou à liberdade caminha
em paralelo com o acesso de todos à saúde, à educação
e ao trabalho, e vice-versa.
Apenas a conjugação das dimensões individual e
social é que possibilita a concretização do princípio da
dignidade da pessoa humana. A consecução desse ob-
jetivo é um extraordinário desafio.
O discurso neoliberal dos dias atuais prega, inten-
cionalmente, o abandono da dimensão social da dig-
nidade e, estrategicamente, volta-se para uma con-
cepção individualista de mera proteção aos direitos de
liberdade. É o que se colhe do magistério de Mauricio
Delgado:
(...) a ideia de dignidade não se reduz, hoje, a uma
dimensão estritamente particular, atada a valores
imanentes à personalidade e que não se proje-
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