A luta pelo direito à terra e a prática reiterada de homicídios contra defensores no estado de rondônia: estudo de caso de uma liderança do município de CUJUBIM/RO -Brasil

AutorVanessa Regina Pereira Ramos e Fábio Roberto de Oliveira Santos
Ocupação do AutorAprovada no Programa de Mestrado de Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça da Universidade Federal de Rondônia/Professor Orientador da UNIRON. Defensor Público do Estado de Rondônia
Páginas743-766
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A LUTA PELO DIREITO À TERRA E A PRÁTICA
REITERADA DE HOMICÍDIOS CONTRA DEFENSORES NO
ESTADO DE RONDÔNIA: ESTUDO DE CASO DE UMA
LIDERANÇA DO MUNICÍPIO DE CUJUBIM/RO BRASIL
Vanessa Regina Pereir a Ramos1
Fábio Roberto de Oliveira Santos2
Resumo: O trabalho visa analisar dados estatísticos de assassinatos dos
defensores de direitos humanos, especificamente os em luta pelo direito à
terra no estado de Rondônia, com o objetivo de identificar e examinar, de
forma jurídica e sociológica, as características presentes no caso estudado
e que simultaneamente se refletem em outros tantos conflitos no campo
ocorridos na região, onde de certa forma inibem a luta pelos direitos
humanos. O estudo utiliza uma metodologia indutiva tendo como base um
caso típico de uma liderança da zona rural do município de Cujubim, no
Estado de Rondônia - Brasil, e que se interliga com outros acontecimentos
envolvendo a luta pela posse destas terras. A terra é um direito humano
amparado pelo sistema onusiano e pelo sistema interamericano, e
simultaneamente um direito fundamental previsto na Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88). Tal direito dá
concretude ao fundamento principiológico da dignidade da pessoa
humana. Esse direito é constantemente ameaçado pelo poder político,
econômico e social em sua sistemática que fragiliza a defesa da luta pela
1 Aprovada no Programa de Mestrado de Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça
da Universidade Federal de Rondônia. Bacharel em Direito pela Faculdade Interamericana
de porto Velho. Especialização em Direitos Difusos e Coletivos em curso pela Faculdade
do Leste Mineiro. E-mail: nessieregina @gmail.com. Apresentado e publicado no
Congresso Internacional de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra ISBN 978-65-
89537-03-8, volume 3. Artigo apresentado em 2020 à Faculdade Interamericana de Porto
Velho como um dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Direito.
2 Professor Orientador da UNIRON. Defensor Público do Estado de Rondôn ia. Mestre em
Ciências Jurídicas pela Univali SC. Especialista em Processo Civil pela Universidade
Federal de Fluminense. Membro do Comitê Estadual de Prevenção e de Combate a tortura.
Comentarista jurídico voluntário da Rede Amazônica. E -mail: fabiorobert@hotmail.com.
Canal no Youtube: Direitos Humanos em Conexão com Você.
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terra e promove a perseguição aos seus defensores. O Brasil se destaca
mundialmente com altos números de assassinatos em conflitos no campo,
onde o estado de Rondônia oscila em posições de liderança entre os
demais estados brasileiros. Diante disso, faz-se necessário desenvolver
meios para garantir efetivamente a proteção à vida dos defensores, bem
como estabelecer medidas para garantir a posse de áreas rurais
agricultáveis para famílias que estão desprovidas de terra, embora
vocacionadas para o trabalho no campo.
Palavras-chave: Homicídios. Defensores. Direitos Humanos. Conflito
Agrário.
INTRODUÇÃO
O Brasil segundo dados estatísticos dos últimos anos, tem se
destacado internacionalmente com altos números periódicos computados e
de suspeitas de assassinatos contra Defensores e Defensoras dos Direitos
Humanos, chegando a ser intitulado como o país das Américas mais
perigoso para ser defensor. Os casos são relatados por Organizações sociais
nacionais e internacionais, de credibilidade no assunto e direcionados a
causa. Nessa perspectiva, a problemática do presente artigo é expressa em
dados que mostram a concentração desses índices principalmente na zona
rural do país, onde se encontra um grande número de conflitos no campo e
violências direcionadas contra defensores principalmente que versem em
lutas em torno da terra, neste contexto o Brasil é o que mais mata no
mundo. O tema foi delimitado ao se constatar o fato de a região
Amazônica, com ênfase ao Estado de Rondônia, ter obtido grande parte
desses números, e alcançado posições preocupantes nesse cenário,
ganhando destaque perante os outros estados brasileiros em estatísticas de
ameaças, violências e assassinatos de defensores dos direitos humanos.
Nesse sentido, esse trabalho tem por objetivo geral mostrar as
características das ocorrências e a prática de aumento de violências e
homicídios seletivos contra defensores do direito a terra na região.
Especificando a identificação desses defensores, a análise de dados

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