O mercado de créditos de carbono e seus aspectos jurídicos

AutorMarcelo Tanos Naves e Gustavo Santiago Pires
Ocupação do AutorAdvogado, pós-graduado em Direito de Energia pelo Centro de Direito Internacional (CEDIN) e pelo Instituto de Altos Estudos em Direito (IAED) e em Direito Tributário pelo Centro de Estudos na Área Jurídica Federal (CEAJUF)/Advogado, pós-graduado em Processo Civil pelo CAD - FUMEC (2017)
Páginas522-537
522 O MERCADO DE CRÉDITOS DE CARBONO E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
1. INTRODUÇÃO
O fenômeno conhecido como aquecimento global é o principal causador das
grandes transformações ocorridas no clima do planeta nos ’ltimos  anos
haja vista que os gases de efeito estufa ou greenhouse gas G(G liberados na
atmosfera não permitem que a radiação solar reletida volte para o espaço
Podem ser citadas como exemplos vivenciados no Brasil desse fenô
meno atmosférico as secas na região amazônica e as enchentes e vendavais
no sul e sudeste do país Contudo as previsões dão conta de que não param
por aí os problemas a nível mundial com o aumento da temperatura global
degelo da calota polar e elevação do nível do mar
Desta feita tanto os países desenvolvidos quanto os em desenvol
vimento vêm sofrendo cada vez mais com os efeitos da poluição do ar
tornandose obrigação de todos fazer algo nesse instante para a preser
vação da vida às presentes e futuras gerações nos exatos termos do disposto
no art  da Constituição Federal de 
No que tange ao plano internacional a Organização das Nações Unidas
ONU por meio da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Mudanças
do Clima CQNUMC ocorrida em  objetivou a união de forças para
minimizar as interferências do homem no clima
Dentre as reuniões anuais ocorridas entre os países a partir de então
uma das mais importantes foi a  Conferência das Partes COP em
dezembro de  oportunidade em que fora assinado o Protocolo de
Quioto o qual trouxe aos países desenvolvidos partes do Anexo ) da
ConvençãoQuadro metas de redução de emissões de gases do efeito estufa
G(Gs Assim sem a ratiicação do acordo pelos EUA e com a ratiicação da
R’ssia apenas em  passou a vigorar o tratado salientando que essas
metas de redução em relação ao ano de  deveriam ser comprovadas
pelas partes em  para evitar multas e sanções
Aos países em desenvolvimento não partes do Anexo ) da Convenção
não existe o compromisso de redução das emissões mas estes podem auxi
liar os países desenvolvidos a atingilas A modalidade que contempla essa
atuação a países como Brasil China e Índia é o Mecanismo de Desenvolvi
mento Limpo MDL modalidade esta aliás proposta pelo Brasil à comu
nidade internacional
MARCELO TANOS NAVES E GUSTAVO SANTIAGO PIRES 523
Em suma veriicase que países desenvolvidos podem adquirir créditos
de reduções de emissões de G(G obtidos por intermédio de projetos de
MDL em países que não estão obrigados pelo Protocolo de Quioto a reduzir
suas emissões de CO em relação a  Ao considerar que o crédito de
carbono pode trazer beneícios como a possibilidade de negociações rentá
veis o presente trabalho tem como objetivo avaliar a natureza jurídica dos
créditos de carbono e a correspondente tributação da sua comercialização
2. DO CONTEXTO HISTÓRICO
Denotase que a preocupação internacional com as questões ambientais e
climáticas se iniciaram na década de  com a busca de soluções para a
redução dos gases causadores do efeito estufa Com isso foram realizadas
diversas conferências com vistas a solucionar e garantir o desenvolvimento
sustentável mitigando problemas ambientais e climáticos
Conferência de Estocolmo   primeira grande conferência
ambiental representando um marco internacional para a preser
vação do meio ambiente
Conferência de Toronto   foram apresentados estudos aler
tando sobre os gases que aumentam o efeito estufa Assim foi criado
o Painel )ntergovernamental sobre Mudanças Climáticas )PCC
Conferência de Genebra   restou instituído o Comitê )nter
governamental de Negociação para uma ConvençãoQuadro sobre
mudanças climáticas
Conferência do Brasil   denominada Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD
conhecida como Rio  Na oportunidade criaram a Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente na qual estabe
leceram os princípios e objetivos basilares de redução da emissão
de Gases do Efeito Estufa GEEs
Conferência de Berlim   primeira Conferência das Partes 
COP na qual foram realizadas negociações e deinidas metas para
a redução dos gases do efeito estufa
Conferência de Genebra   restou decidido que os relatórios
do )PCC devem nortear as decisões futuras sobre o clima e o meio

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