A Cessação da Vida

AutorJorge Paulete Vanrell
Ocupação do AutorMedicina, Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais e Licenciatura Plena em Pedagogia
Páginas83-88

Page 83

Introdução

O diagnóstico da morte não é meramente subjetivo; ao contrário, baseia-se no estudo de uma série de fenômenos objetivos, mais ou menos imediatos, que ocorrem no corpo. Tais fenômenos podem ser, esquematicamente, divididos em dois grandes grupos, a saber:

• Sinais de cessação da vida ou sinais abióticos; • Sinais positivos de morte ou fenômenos cadavéricos.

Provas de Cessação da Vida

É com apoio nesses dois tipos de fenômeno que se estabeleceram, desde a Antiguidade, os critérios de realidade da morte (provas da morte), que podem ser circulatórios, respiratórios, químicos, dinamoscópicos e neurológicos:

Provas circulatórias, em sua maioria, de valor histórico:

1) Prova de Bouchut – ausculta cardíaca silenciosa durante 5 (cinco) minutos. Foi um dos critérios pioneiros, tendo valido ao seu autor, em 1846, o Prêmio da Academia de Ciências Médicas de França.

2) Fundoscopia ocular – verifica-se o esvaziamento ou vacuidade da artéria central da retina, descoramento da papila óptica e da coróides.

3) Prova aquidopirástica de Middeldorff – consiste na introdução de uma agulha no coração, na altura do 4º espaço intercostal esquerdo, observando suas oscilações, que estarão presentes somente na pessoa viva.

4) Sinal de Magnus – consiste na aparição de uma coloração cianótica quando se estrangula a base de um quirodáctilo na pessoa viva; no morto, não há modificações da coloração.

Page 84

5) Sinal de Piga – consiste na observação radioscópica da área cardíaca que permite verificar a contração miocárdica; sua ausência é sinal patognomônico de morte.

6) Registro eletrocardiográfico sem ou com ativação adrenalínica (Prova de Guérin e Frache): uma linha de base contínua ou plana – silêncio elétrico – é indicativa de morte.

7) Prova de Boudimir e Levasseur ou da ventosa escarificada – consiste na ausência de sangue ao aplicar uma ventosa na região epigátrica, depois de ter realizado escarificação da pele.

9) Prova de Halluin – consiste na pesquisa da reação hiperêmica conjuntival, após a instilação de uma gota de éter: a sua ausência é sinal de morte real.

10) Prova de Terson – consiste na pesquisa da reação hiperêmica conjuntival, após a instilação de uma gota de dionina no olho: a sua ausência é evidência de morte real.

11) Prova de Ott – consiste na formação de bolha de gás na pele com a aproximação de uma chama; havendo vida, aparece flictena serosa ou sero-sanguinolenta.

12) Prova da fluoresceína de Icard – consiste na injeção intravascular de uma solução carbonatada de fluoresceína que se difunde no organismo vivo, dando uma coloração amarelo-esverdeada à pele e às mucosas; a ausência de coloração permite concluir pela morte real.

13) Sinal de Stenon-Louis – consiste na perda da turgescência dos globos oculares como consequência da parada da circulação e da desidratação cadavérica.

14) Prova de Veiga de Carvalho – consiste na persistência da opacidade radiográfica da arteriografia...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT