Identificação Craniométrica

AutorJorge Paulete Vanrell
Ocupação do AutorMedicina, Bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais e Licenciatura Plena em Pedagogia
Páginas559-577

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Introdução

“A Antropologia é a biologia comparativa dos grupos humanos, encarados do ponto de vista do sexo, da idade, da constituição e da raça” (Fróes da Fonseca e Roquette Pinto, 1929, 1953).

Entre as diversas divisões da Antropologia – Antropologia zoológica, Antropologia racial, Antropotipologia e Antropogênese ou Palentologia humana –, a Antropotipologia, estudando os tipos constitucionais consoante o sexo, a idade, os característicos individuais e os característicos profissionais, é a que melhor se presta para permitir a identidade médico-legal ou a identidade judiciária ou policial dos indivíduos.

Ainda, no âmbito da Antropotipologia, despontam dois grandes métodos de estudo. Um, a Antroposcopia, de uso mais popular e menos científico, que engloba os estudos dos característicos descritivos subjetivos e que não são passíveis de mensuração. O segundo método, a Antropometria, é mais objetivo, baseando-se na tomada de medidas, ângulos e projeções das diferentes partes do corpo ou dos seus característicos mensuráveis.

Resulta evidente que, dentro dos limites a que se propõe este trabalho, a amplitude da Identificação Antropométrica deverá ser menos ambiciosa e, ao invés de estudar o corpo todo, limitar-se-á à Craneometria, isto é, à realização e exame das medições antropométricas apenas das diversas partes do crânio, sempre visando estabelecer identidade quanto à constituição, ao sexo, à raça e à idade do indivíduo.

É que com relativa frequência são encaminhadas ao Núcleo de Perícias Médico-Legais do IML local, oriundas da Região, ossadas ou partes delas, para que se proceda à sua identificação.

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Trata-se, em geral, de um trabalho demorado, um diálogo silencioso que o pesquisador estabelece com os restos que lhe são encaminhados, visando achar informações, obter dados fidedignos e inequívocos, objetivando conseguir respostas materiais.

Nesses casos e quando a ossada está completa, o Médico-Legista trabalha principalmente com os ossos do esqueleto axial, dos membros e dos cíngulos. O Odontolegista, por sua vez, pesquisa os dentes, as peças ósseas do neurocrânio e do viscerocrânio (esplacnocrânio) ou seus fragmentos, que, às vezes, são os únicos elementos com que se conta. Dessa maneira, o Odontolegista, em todos os casos, utilizando os dados objetivos da Craniometria, assume um papel decisivo na identificação individual.

Pontos Craniométricos

São determinados locais do crânio ósseo que se tomam como pontos de referência para seu estudo e medição.

Deve-se salientar que nem todos os pontos craniométricos correspondem ao neurocrânio, uma vez que se encontram alguns pontos no maciço facial (esplacnocrânio ou viscerocrânio).

Os pontos craniométricos dividem-se, pela sua posição anatômica, em:

• pontos medianos ou ímpares, em número de 16; e • pontos laterais ou pares, em número de 24 (12 x 2 ou 12 pares).

  1. Os pontos craniométricos medianos, da frente para trás, são:

    • ponto mentoniano, no centro da eminência mentoniana; • ponto alveolar inferior, na borda alveolar inferior; • ponto alveolar superior, na borda alveolar superior; • ponto espinhal ou subnasal, no centro da espinha nasal anterior; • rínio, no extremo inferior, livre, da sutura internasal; • násio, sobre a sutura frontonasal; • glabela, no centro da protuberância frontal média; • ófrio, no centro do diâmetro frontal mínimo;

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    • bregma, no ponto onde se encontram as suturas coronal e sagital; • obélio, sobre a sutura sagital ao nível dos dois orifícios parietais, ou de um só se o outro está ausente (se faltarem ambos os orifícios, o ponto corresponde à porção menos denteada da sutura);

    • lambda, no ponto de união das suturas sagital e lambdóide; • ínio, no centro da protuberância occipital externa; • opístio, no borda posterior do forame occipital; • básio, no borda anterior do forame magno (forame occipital);

    Há dois pontos que correspondem a locais não fixos da abóbada:

    • opistocrânio ou occipúcio, no extremo posterior do diâmetro longitudinal máximo do crânio, sobre a porção cerebral da escama do occipital; e

    • vértex, na parte mais alta do crânio.

  2. Os pontos craniométricos laterais são em número de doze de cada lado, a saber:

    • gônio, no lado externo do vértice do ângulo do maxilar inferior; • ponto condiliano, na parte mais alta do côndilo da mandíbula; • ponto glenóide, no centro da cavidade glenóide do temporal; • ponto jugular, sobre a sutura mastóidea-occipital, ao nível da borda posterior da apófise jugular do occipital;

    • ponto malar, na parte mais saliente da face externa do osso malar (zigoma);

    • ponto frontotemporal, sobre a crista lateral do frontal, no extremo do diâmetro frontal mínimo;

    • estefânio, na interseção da sutura coronal e a linha curva temporal superior;

    • dácrio, onde se encontram o frontal, a apófise ascendente do maxilar superior e o unguis, na parede interna da cavidade orbitária;

    • astério, onde se encontram o occipital, o...

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